O que se segue é uma versão ligeiramente editada de um discurso do músico Roger Waters por ocasião do octogésimo aniversário da conferência de Ialta.
Agradeço o convite para tomar a palavra neste dia de uma efeméride tão histórica. No mês passado, dirigi-me ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, no décimo aniversário da assinatura dos Segundos Acordos de Minsk. Quem tiver interesse poderá consultar essa intervenção na UNTV. Nesse dia, mantive-me fiel à ordem de trabalhos: a Ucrânia, a Crimeia, o Donbass e a guerra na Ucrânia. No entanto, fiz questão de mencionar o Sector de Direita, Stepan Bandera e o lugar que o supremacismo branco ocupa na política ucraniana, mas não me afastei do tema. Hoje, não estou sujeito ao protocolo e, com a vossa permissão, permitirei a mim mesmo divagar como bem entender.
Todas as manhãs, ao despertar, sinto o peito apertado e as lágrimas a aflorar; refaço-me, ergo-me e preparo-me para a luta: o que poderei fazer hoje? Por que razão me preparo, todos os dias, para a batalha? Porque, todos os dias, travamos uma batalha existencial pela alma da raça humana.
Se vivermos no Ocidente, o nosso governo está a ajudar e a encobrir o genocídio do povo indígena da Palestina, levado a cabo, em tempo real e diante dos nossos olhos, pelo Estado fora-da-lei que é Israel. Parece um pesadelo, mas não é um pesadelo; é real.
Beliscamo-nos, incrédulos. Isto não pode ser real. Se temos filhos, eles puxam-nos e suplicam: "mamã, papá, façam com que parem! Ó mãe, ó pai, por que é que ninguém os faz parar? Papá! Papá! E as Nações Unidas, papá? E o direito internacional? Papá! E as Convenções de Genebra? Papá, papá, estão a matar as crianças, papá! Papá, estão a sepultá-las sob os escombros. Façam-nos parar!"
E então, respiro fundo. Porque julgam vocês que estou aqui, em Ialta? É uma boa pergunta, não é? E o direito internacional? E as Nações Unidas?
Estamos hoje reunidos para assinalar o octogésimo aniversário de um encontro entre três homens: Josef Estaline, Winston Churchill e Franklin D. Roosevelt. Reuniram-se aqui, em Março de 1945, para, de certo modo, repartirem o que restava da Europa após a Segunda Guerra Mundial. Fizeram-no sem demasiados sobressaltos, mas também discutiram a tentativa de substituir a Sociedade das Nações, que falhara em impedir a Segunda Guerra, por um novo fórum internacional que pudesse lograr onde a Sociedade das Nações fracassara. Boa ideia, apertar um pouco mais as regras, dar-lhe o nome de Nações Unidas; soa bem, tem um certo encanto.
E assim fizeram. A Carta das Nações Unidas foi redigida e assinada nesse mesmo Verão, em São Francisco, e, vejam só, surpresa das surpresas, os nossos três comparsas da cimeira de Ialta, juntando-se-lhes a França e a China, os outros dois vencedores reconhecidos da Segunda Guerra, foram todos nomeados membros permanentes no conselho mais importante das novas Nações Unidas: o Conselho de Segurança.
E o que é, afinal, o Conselho de Segurança? Por que razão é importante? O Conselho de Segurança foi e é importante porque tem, como principal responsabilidade, e passo a citar, "manter a paz e a segurança internacionais, incluindo determinar ameaças à paz, tomar medidas para a restabelecer e estabelecer operações de manutenção da paz".
Valha-me Deus! Soa maravilhosamente bem; mas resultou? Bem, houve só um pequeno senão.
Ah, sim? Continua.
Ora, Estaline, Churchill e Roosevelt tinham acordado, em Ialta, que, não só deviam ter representação permanente no Conselho de Segurança, mas que cada um deles devia possuir também, individualmente, o poder de VETAR qualquer resolução do Conselho de Segurança. Claro está, a França e a China rapidamente se apressaram: "nós também, nós também!" Os cinco grandes deixaram bem claro às nações mais pequenas: ou aceitam uma Carta das Nações Unidas com o nosso veto, ou não há Carta das Nações Unidas de todo.
Diria que tal não foi lá muito democrático, pois não?
Pois não, mas os princípios fundacionais das Nações Unidas soavam bastante bem, e assim todos os pequeninos concordaram. Eis os princípios fundacionais:
Manter a Paz e a Segurança Internacionais.
Proteger os Direitos Humanos.
Prestar Ajuda Humanitária.
Defender o Direito Internacional.
E conseguiram? Bem, fizeram o número três, em parte, mas o resto revelou-se demasiado difícil, manietados como estavam — e continuam a estar — pelo poder de veto dos cinco grandes no Conselho de Segurança.
Não tenho dúvidas de que fizeram o melhor que puderam. De qualquer forma, após a guerra, a Alemanha foi devidamente repartida em quatro zonas, ocupadas pelas forças militares dos Estados Unidos, do Reino Unido, da França e da União Soviética. Mas a história não termina aqui. Três anos e meio mais tarde, a 10 de Dezembro de 1948, as recém-criadas Nações Unidas reuniram-se de novo, em Paris, e, entre outras deliberações, assinaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Essa declaração, em parte redigida — segundo me dizem — por Eleanor Roosevelt, esposa de FDR, uma contribuição das senhoras. Obrigado, senhoras. Os trinta artigos foram então consagrados no direito internacional, ou, pelo menos, assim nos foi dado a entender. Foi algo de enorme importância naquela altura: o sonho de direitos humanos iguais para todos os nossos irmãos e irmãs em todo o mundo, independentemente da sua religião, etnia ou nacionalidade, era algo imensamente grandioso. Pensem nisto. Se tivesse sido plenamente adoptado, provavelmente teria significado o fim de todas as guerras e, sem sombra de dúvida, teria afastado para sempre a ameaça de um novo genocídio. Que forma mais digna de recordar e, simultaneamente, condenar universalmente o recente genocídio tentado contra os judeus europeus pelos nazis! Os nossos líderes, de mão sobre o peito, fizeram uma promessa solene: "Nunca mais". Mas, ao fazerem essa promessa — e lamento ter de ser eu a dizer-vos isto — alguns deles tinham os dedos cruzados atrás das costas, alguns deles estavam a mentir. Alguns juraram apoiar e defender os Direitos Humanos Universais, mas não o afirmavam de coração. Alguns deles eram, na verdade, etno-supremacistas, tal como o haviam sido os nazis — gente que acredita que alguns devem ter mais direitos humanos do que outros. Acreditam nos Direitos Humanos, sim, mas só para uns quantos escolhidos. Os que eles próprios escolhem.
Permiti-me que vos dê um breve vislumbre. Voltem comigo à Palestina, em 2007. Eu seguia num jipe da UNWRA com uma mulher encantadora chamada Allegra Pacheco, que trabalhava para as Nações Unidas. Rumávamos para Norte, através do território ocupado, em direcção a Jenin, por uma auto-estrada novíssima, quando comentei: "Bem, ao menos têm boas estradas." "Sim", respondeu Allegra, "são só para judeus." "Não sejas tola, isso é ridículo." "Pois é, mas é verdade: se viveres aqui, tens de ser judeu para poderes utilizar a estrada."
A questão que levanto é que os israelitas não consideram isto uma contradição. Para eles, o genocídio foi errado durante a Segunda Guerra Mundial, na Europa, na Alemanha ou, digamos, em Varsóvia, na Polónia, mas já é aceitável agora, no Médio Oriente, em Gaza, porque, desta vez, a bota cardada calça o outro pé.
Assim, a Declaração dos Direitos Humanos Universais acabou por ser, em boa parte, uma encenação, parte de um baile de máscaras para celebrar a partilha dos despojos da guerra. Peço desculpa por ser portador de más notícias, lamento vir estragar a festa.
A maior parte de vós é demasiado jovem para se lembrar; eu próprio quase o sou. Mas sei ler, e li a História.
De qualquer modo, todos nós colocamos obedientemente as nossas máscaras no baile. Declarámos o nosso apego a todas as vacas sagradas de conveniência. Todos nós declarámos, de mão sobre o peito, que nos importávamos com os direitos humanos, com a liberdade, com a democracia e com a primazia do direito internacional e, no entanto...? Agora que a bota cardada calça o outro pé, e então?
Há trinta e cinco anos, em 1990, escrevi uma canção chamada Too Much Rope para um álbum que então fiz, Amused to Death. Estas são algumas linhas da mesma:
"Não é preciso ser judeu
Para desaprovar o assassínio
As lágrimas queimam-nos os olhos
Muçulmano ou cristão, mulá ou papa
Pregador ou poeta, quem foi que escreveu
Dai a qualquer espécie demasiada corda
E ela há-de estragar tudo."
Vou avançar setenta e nove anos, de Março de 1945 para o dia 18 de Abril do ano passado. Nesse dia, o Conselho de Segurança das Nações Unidas reuniu-se para votar um projecto de resolução apresentado pela Argélia, recomendando que o Estado da Palestina fosse admitido como membro de pleno direito das Nações Unidas. O projecto de resolução não foi adoptado devido ao VETO dos Estados Unidos. Assim, foram doze votos a favor da resolução, duas abstenções — do Reino Unido e da Suíça — e, o golpe fatal, o VETO dos Estados Unidos.
Por que motivo os Estados Unidos usaram o seu poder de veto para bloquear essa resolução? Boa pergunta; há anos que não se cansam de apregoar a paz na Terra Santa. A célebre solução dos dois Estados. E, no entanto, os Estados Unidos usaram o seu poder de veto quarenta e cinco vezes, desde 1972, para apoiar Israel em tudo quanto faz. Incluindo, crucialmente, a actual ocupação israelita de terras palestinianas e o genocídio do seu povo.
Porquê? Boa pergunta.
Talvez seja por isso que aqui estou hoje, a tentar lançar alguma luz sobre o "porquê" da questão.
Penso que poderá ter algo a ver com uma sinistra ligação às tendências etno-supremacistas de que falei há pouco, com o destino manifesto e com textos sagrados.
Voltarei a esses temas, mas talvez se trate também da velha e conhecida Ganância?
É curioso que Donald Trump, actual Presidente dos Estados Unidos da América, tenha declarado recentemente o seu interesse em proceder à limpeza étnica de Gaza e em transformá-la num destino turístico de luxo, uma estância balnear com campos de golfe e, se bem me recordo, uma estátua dourada gigante de si próprio. Um excelente negócio para Jared Kushner, seu genro, sem dúvida. E nem falemos dos biliões de metros cúbicos de gás natural ao largo da costa, que pertencem de pleno direito ao povo indígena.
Em 1964, no seu célebre discurso O Voto ou a Bala, o Irmão Malcolm X disse o seguinte:
"Não estou aqui esta noite para debater a minha religião. Não estou aqui para tentar mudar a vossa religião. Não estou aqui para argumentar ou debater sobre as nossas divergências, porque chegou a altura de deixarmos de lado as diferenças e de reconhecermos que, antes de tudo, enfrentamos todos o mesmo problema, um problema comum, um problema que vos fará sofrer quer sejais baptistas, metodistas, muçulmanos ou nacionalistas."
O Irmão Malcolm, nessa noite, não disse "ou judeus", por isso acrescento-o eu por ele: "Ou judeus." A questão essencial é que, em matéria de direitos humanos, a nossa religião deveria ser irrelevante, ou, como Malcolm bem disse, deixada em casa, no armário.
De volta ao Irmão Malcolm:
"Sejais letrados ou analfabetos, vivais na avenida ou no beco, sofrereis tanto como eu. Estamos todos no mesmo barco e todos nós vamos padecer do mesmo inferno às mãos do mesmo homem. Que, por acaso, é um homem branco. Todos nós sofremos aqui, neste país, opressão política às mãos do homem branco, exploração económica às mãos do homem branco e degradação social às mãos do homem branco.
Ora, ao falar assim, não quer isto dizer que sejamos anti-brancos, mas significa, sim, que somos anti-exploração, somos anti-degradação, somos anti-opressão. E, se o homem branco não quer que sejamos contra ele, que deixe de nos oprimir, explorar e degradar. Sejamos cristãos, muçulmanos, nacionalistas, agnósticos ou ateus, antes de mais devemos aprender a esquecer as nossas diferenças. Se as temos, que fiquem no armário; quando nos apresentarmos em público, que nada nos divida até termos terminado de discutir com o homem.
Deixemos a nossa religião no armário."
Obrigado, Irmão Malcolm.
Aliás, onde se lê "homem branco", lede antes "homem europeu".
Nos tempos antigos, antes de o Lobby Israelita me dar como caso perdido, costumavam tentar calar-me com argumentos do género: apanharás mais abelhas com mel do que com vinagre, e não preferirias ser visto como Martin Luther King em vez de Malcolm X, Roger?
Sim, agora consigo sorrir.
Talvez o representante dos Estados Unidos use sempre o poder de veto para apoiar Israel porque os Estados Unidos são, no fundo, ainda no seu coração uma colónia europeia. Quando os pais peregrinos desembarcaram em Plymouth Rock, quando o senhor Cristóvão Colombo singrou os mares sem bússola, quando os portugueses aportaram ao Brasil, todos o fizeram movidos pelo destino manifesto; todos contavam com a providência divina e a bênção da Igreja. As terras abundantes do Ocidente, o Novo Mundo para além do oceano, eram o seu Sião. Assim o disseram. E, com Deus do seu lado, conquistaram tudo, mentiram aos povos locais, assinaram tratados que nunca pretenderam cumprir, pilharam, violaram — toda essa velha fanfarronice de machos orgulhosos. O genocídio do povo indígena na Terra Santa é só uma reedição do genocídio dos povos indígenas no Novo Mundo. O homem branco do Irmão Malcolm é ainda esse mesmo velho rapaz europeu.
Portanto, obrigado, Irmão Malcolm, e obrigado, Irmão Martin Luther King; ambos tendes um lugar muito próximo do meu coração e, Irmão King, partilho o teu sonho. É um bom sonho e é para o manter vivo que aqui estamos hoje. Estamos a agarrar-nos a ele com todas as nossas forças, aqui em Ialta e em todo o mundo. Também na Europa, milhões de irmãos e irmãs, todos os dias, saem às ruas para protestar contra o genocídio dos nossos irmãos e irmãs na Palestina. Estudantes arriscam-se a ser espancados por polícias militarizados enquanto exercem o seu direito de protestar, garantido pela Primeira Emenda, nos campos universitários dos Estados Unidos. Sim, obrigado, Mahmoud Khalil, tu és um desses milhões, todos fazemos parte do mesmo coro. Cantamos a uma só voz. A questão fundamental é: seremos capazes de elevar o volume das vozes da multidão até um ponto em que consigamos afectar o comportamento dos nossos governos? Porque, no momento presente, os nossos governos comportam-se muito mal, enraizados como estão nas suas origens racistas e supremacistas brancas de matriz europeia, e colocam-se como obstáculo entre nós e o progresso rumo ao nosso objectivo, o progresso rumo ao Santo Graal — a aplicação efectiva da Declaração Universal dos Direitos Humanos de há tantos anos?
Portanto, creio que já ficou claro que nada podemos deixar nas mãos dos nossos líderes. E, já que falamos de líderes, grande parte da nossa atenção recai sobre a nova administração em Washington, D.C. Que rumo tomará Donald Trump? As suas acções falam mais alto do que as suas palavras. As suas acções mostram-nos que ele não se preocupa minimamente com os direitos de ninguém, excepto com os seus próprios. Pelo menos nisso é aberto e honesto. As suas acções falam mais alto do que palavras, e o seu plano é claro: enriquecer-se a si mesmo e à sua família mais próxima e, logo a seguir, enriquecer Elon Musk, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg e o restante clube de oligarcas, os 0,0001% de nós. E é exactamente isso que fará. E nós, os restantes? (simula lavar as mãos) Bem-vindos aos 99,9999%.
Estamos numa encruzilhada.
Todos nós estamos empenhados na batalha existencial pela alma da raça humana.
Que via devemos seguir?
Poderemos nós manter vivo o sonho?
Como explicar que o crime inominável de genocídio continua a ser inominável, seja qual for o pé que calce a bota cardada?
Haverá alguma razão para que o crime de genocídio seja inominável?
E se o crime inominável do genocídio for o calcanhar de Aquiles do sionismo, por nos convidar a olhar, como Narciso, para o nosso próprio reflexo na água? E se, através da superfície da água, víssemos o nosso próprio reflexo inominável? E se nós, colonizadores europeus, tivéssemos de confrontar a nossa própria história de genocídio, tanto na América do Norte como na América do Sul, em África e na Australásia? As colónias dos impérios, fossem inglesas, espanholas, holandesas, portuguesas ou francesas, jamais foram motivo de orgulho. Durante centenas de anos, nós, europeus, cometemos o inominável em nome de Deus. O resto foi teatro. Isto soa-vos familiar? Todas as belas palavras das declarações de independência; todas as constituições, traçadas em caligrafia elegante sobre pergaminhos finos. A pretensa liberdade, a pretensa democracia — tudo teatro. Olha para o espelho, Narciso; todos os artifícios de Hollywood não conseguem esconder a profundidade da depravação que é a nossa história comum. E o que será essa coisa que os americanos, em particular, mas na verdade todos os homens brancos, tanto temem? Todos tememos ser desmascarados pelo que realmente somos. Tememos, em suma, a luz ofuscante da verdade. A verdade é que, ao apoiarem o banho de sangue psicótico de Israel, os governos ocidentais não só estão a justificar os crimes horrendos de Israel, estão também a defender-se a si próprios, fincando-se, como estão, sobre um terreno muito instável, corroído pela vergonha, na defesa de passados imperiais indefensáveis.
Pois bem, já que estou nisto, mais vale ser enforcado por uma ovelha do que por um cordeiro. O Antigo Testamento da Bíblia. Sem o Antigo Testamento e as suas histórias de um povo vitimado, miraculosamente salvo por um Deus vingativo e sedento de sangue, nós, europeus, não teríamos tido nada que nos proporcionasse um falso e elevado significado para o nosso próprio passado colonial bárbaro. Assim, se formos em número suficiente os que olharmos para o espelho de água e virmos através do calcanhar de Aquiles, veremos a verdade. Não é Deus quem dá a Israel permissão para prosseguir com a sua matança, somos nós. Quantos de nós terão ainda de olhar nos olhos uns dos outros e aí reconhecer a nossa humanidade comum, antes que possamos estar lado a lado, ombro a ombro, frente a frente com Trump, Netanyahu, Starmer e, armados de amor e verdade, nós, o coro, encontremos força para dizer: basta.
Este é o fim do vosso caminho,
Não somos carneiros caminhando para o abismo,
Somos seres humanos,
Não avançaremos um só palmo rumo
Ao vosso Armagedão.
Hoje, no cruzamento,
Encontrámos uma criança sozinha.
Não nos afastaremos
Para que as vossas escavadoras passem por nós?
Não, não nos afastaremos.
Aqui permaneceremos,
Com Rachel Corrie,
Com Shireen Abu Akleh,
Com Marielle Franco,
E com todos os demais,
E abraçaremos esta criança
E, juntos, traremos esta criança para casa.
Roger Waters
Membro fundador dos Pink Floyd, é um dos músicos mais relevantes do mundo.
Este artigo foi produzido pela Globetrotter, nossa parceira institucional.